De Ecclesiae Unitate

ARGUMENTUM

Occasione schismatis Novatiani, ut suos Carthaginienses deterreret, alioqui non multum ab illo abhorrentes, propter Novatum et alios quosdam suae Ecclesiae presbyteros totius tragoediae auctores, librum hunc conscripsit Cyprianus. Atque in primis, postquam, adversus illorum insidias communitos, ad constantiam hortatus est, hereseon causam esse docet quod caput Ecclesiae non quaeritur, primatus Petri contemnitur, et cathedra ac Ecclesia una et Episcopatus unus deseritur. Deinde tum Scripturis tum figuris Veteris et Novi Testamenti unitatem Ecclesiae comprobat. Porro Novatiani ambitionem in invadendo Episcopatu Romano, velut aliud agens, paucis prosecutus, late deducit neque pro eorum paucitate contra Ecclesiam quidquam facere illud Matth. XVIII: « Ubicumque fuerunt duo vel tres collecti in nomine meo », etc.; neque martyrium illis posse prodesse extra Ecclesiam. Post haec docet non mirari eos oportere quod vigerent haereses, jam olim a Christo praedictae (obiter interjectis schismaticorum suppliciis); neque quod confessores quidam Romani schismati consentirent, quippe cum ante obitum nemo beatus sit, et in ipso Apostolorum coetu Judas proditor exstiterit; vitanda item schismaticorum et haereticorum consortia. Ad pacem denique et unanimitatem per Scripturas hortatur.

A Unidade da Igreja

ARGUMENTO

Por ocasião do cisma de Novaciano, para proteger seus cartagineses, que, sob outro aspecto, não se afastavam muito dele, por causa de Novato e alguns outros presbíteros de sua Igreja, os autores de toda a tragédia, Cipriano escreveu este tratado. E antes de tudo, fortalecidos contra suas armadilhas, depois de tê-los exortado à constância, ensina que a causa das heresias é que não se busca a Cabeça da Igreja, o primado de Pedro é desprezado, e a cátedra e a Igreja única e o Episcopado único são abandonados. Em seguida, ele comprova, tanto pelas Escrituras como pelas figuras do Antigo e do Novo Testamento, a unidade da Igreja. Além disso, descrevendo em poucas palavras a ambição de Novaciano em invadir o Episcopado Romano como se estivesse fazendo outra coisa, ele demonstra amplamente que a passagem em Mateus 18 nada pode fazer em defesa de seu pequeno número contra a Igreja: « Onde quer que estiverem dois ou três reunidos em meu nome », etc; e que o martírio não pode ser útil para eles fora da Igreja. Depois disto, ensina que eles não devem admirar-se de que heresias florescessem, já outrora preditas por Cristo (a propósito, com as súplicas dos cismáticos interpostas); nem de que certos confessores romanos estivessem de acordo com o cisma, visto que antes da morte ninguém é feliz, e no próprio grupo dos Apóstolos foi encontrado o traidor Judas; as comunidades dos cismáticos e dos heréticos devem ser igualmente evitadas. Finalmente, exorta-os pelas Escrituras à paz e à unanimidade.