De Ecclesiae Unitate

Caput 21

Confessio exordium gloriae est, non meritum jam coronae; nec perficit laudem, sed initiat dignitatem. Cumque scriptum sit, «Qui perseveraverit usque in finem, hic salvus erit» (Matth. X, 22), quidquid ante finem fuerit gradus est quo ad fastigium salutis ascenditur, non terminus quo jam culminis summa teneatur. Confessor est; sed post confessionem periculum majus est, quia plus adversarius provocatus est: confessor est; hoc magis stare debet cum Domini Evangelio per Evangelium gloriam consecutus a Domino. Ait enim Dominus: «Cui multum datur, multum quaeritur ab eo; et cui plus dignitatis adscribitur, plus de illo exigitur servitutis» (Luc. XII, 48). Nemo per confessoris exemplum pereat, nemo injustitiam, nemo insolentiam, nemo perfidiam de confessoris moribus discat. Confessor est. Sit humilis et quietus, sit in actu suo cum disciplina modestus; ut qui Christi confessor dicitur, Christum quem confitetur imitetur. Nam, cum dicat ille: «Qui se extollit humiliabitur, et qui humiliat se exaltabitur» (Luc. XVIII, 14), et ipse a Patre exaltatus sit, quia se in terris Sermo et Virtus et Sapientia Dei Patris humiliavit, quomodo potest extollentiam diligere qui et nobis humilitatem sua lege mandavit, et ipse a Patre amplissimum nomen praemio humilitatis accepit? Confessor est Christi, sed si non postea blasphemetur per ipsum majestas et dignitas Christi. Lingua Christum confessa non sit maledica, non sit turbulenta, non conviciis et litibus perstrepens audiatur, non contra fratres et Dei sacerdotes, post verba laudis, serpentis venena jaculetur. Caeterum, si culpabilis et detestabilis postmodum fuerit, si confessionem suam mala conversatione prodegerit, si vitam suam turpi foeditate maculaverit, si, Ecclesiam denique, ubi confessor factus est, derelinquens et unitatis concordiam scindens, fidem primam perfidia posteriore mutaverit, blandiri sibi per confessionem non potest, quasi sit electus ad gloriae praemium, quando ex hoc ipso magis creverint merita poenarum.

A Unidade da Igreja

Capítulo 21

A confissão é o exórdio da glória, não a obtenção da coroa neste momento; nem aperfeiçoa nosso louvor, mas inicia nossa dignidade. Visto que está escrito: «Aquele que perseverar até o fim, esse será salvo» (Mt 10, 22), o que quer que tenha acontecido antes do fim é um passo com o qual se ascende ao ponto culminante da salvação, não o limite no qual já se atingiria o ponto mais elevado do cume. Ele é um confessor: mas depois da confissão o perigo é maior, porque o adversário está mais enfurecido. Ele é um confessor: deve combater ainda mais pelo Evangelho do Senhor, depois de ter alcançado a glória do Senhor por meio do Evangelho. Disse, pois, o Senhor: «A quem muito é dado, muito é requerido dele; e a quem mais dignidade é concedida, dele mais submissão é exigida» (Lc 12, 48). Que ninguém pereça em razão do exemplo de um confessor! Que ninguém aprenda a injustiça ou a insolência ou a perfídia por causa das atitudes de um confessor! Ele é um confessor. Que seja humilde e sereno, que seja modesto em sua conduta com disciplina, para que aquele que é chamado confessor de Cristo imite o Cristo que confessa. Pois, visto que ele diz: «Quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado» (Lc 18, 14), e visto que ele mesmo foi exaltado pelo Pai, porque Ele, a Palavra, a Virtude e a Sabedoria de Deus Pai, se humilhou na terra, como pode amar a soberba quem nos recomendou a humildade em sua lei e recebeu do Pai o nome mais excelso em prêmio de sua humildade? Ele é um confessor de Cristo, mas desde que a majestade e a dignidade de Cristo não sejam posteriormente blasfemadas por meio dele. A língua que confessou Cristo não deve ser maledicente, não deve ser sediciosa, não deve ser ouvida ressoando com gritarias e contendas e não deve lançar, após palavras de louvor, os venenos de serpente contra os irmãos e os sacerdotes de Deus. Além disso, se este tiver sido posteriormente culpável e detestável, se tiver desperdiçado sua confissão com perniciosa conversação, se tiver maculado sua vida com uma torpe fealdade, se, finalmente, abandonando a Igreja onde se tornou confessor e rompendo a concórdia da unidade, tiver trocado a fé anterior pela perfídia posterior, não poderá se lisonjear por causa de sua confissão, como se fosse um eleito para o prêmio da glória, quando, por isto mesmo, mais têm aumentado os motivos de suas punições.