De Ecclesiae Unitate

Caput 26

In nobis vero sic unanimitas diminuta est, ut et largitas operationis infracta est. Domos tunc et fundos venumdabant, et thesauros sibi in coelo reponentes, distribuenda in usus indigentium pretia Apostolis offerebant. At nunc de patrimonio nec decimas damus; et cum vendere jubeat Dominus, emimus potius et augemus. Sic in nobis emarcuit vigor fidei, sic credentium robur elanguit. Et idcirco Dominus, tempora nostra respiciens, in Evangelio suo dicit: «Filius hominus cum venerit, putas inveniet fidem in terra» (Luc. XVIII)? Videmus fieri quod ille praedixit. In Dei timore, in lege justitiae, in dilectione, in opere fides nulla est: nemo futurorum metum cogitat; diem Domini et iram Dei et incredulis ventura supplicia et statuta perfidis aeterna tormenta nemo considerat: quod metueret conscientia nostra, si crederet; quia non credit omnino, nec metuit. Si autem crederet, et caveret: si caveret, evaderet. Excitemus nos quantum possumus, dilectissimi fratres, et, somno inertiae veteris abrupto, ad observanda et gerenda Domini praecepta vigilemus. Simus tales quales esse nos ipse praecepit dicens: «Sint lumbi vestri accincti et lucernae ardentes in manibus vestris; et vos similes hominibus expectantibus dominum suum quando veniat a nuptiis, ut cum venerit et pulsaverit aperiant ei. Beati servi quos adveniens Dominus invenerit vigilantes» (Luc. XII, 35-37). Accinctos nos esse oportet, ne, cum expeditionis dies venerit, impeditos nos et implicitos apprehendat. Luceat in bonis operibus nostrum lumen et fulgeat, ut ipsum nos ad lucem claritatis aeternae de hac saeculi nocte perducat. Expectemus solliciti semper et cauti adventum Domini repentinum, ut, quando ille pulsaverit, evigilet fides nostra, vigilantiae praemium de Domino receptura. Si haec mandata serventur, si haec monita et praecepta teneantur, opprimi dormientes diabolo fallente non possumus, servi vigiles Christo dominante regnabimus.

A Unidade da Igreja

Capítulo 26

Mas entre nós, esta unanimidade tem sido debilitada, assim como a generosidade de nossa caridade tem sido atenuada. Naquela ocasião, vendiam casas e propriedades e, reservando para si tesouros no céu, ofereciam os valores aos Apóstolos para serem distribuídos conforme as necessidades dos pobres. Mas agora nem sequer damos o dízimo de nosso patrimônio; e, apesar do Senhor nos mandar vender, preferimos comprar e acumular. A tal ponto tem esmorecido entre nós o vigor da fé, a tal ponto tem se enfraquecido a força dos crentes! Por isso o Senhor, apontando para nossos tempos, diz em seu Evangelho: «Quando vier o Filho do homem, pensas que ele encontrará fé na terra?» (Lc 18, 8). Vemos acontecer o que ele predisse. Não há fé no temor de Deus, nem na lei da justiça, nem no amor, nem nas boas obras. Ninguém pensa sobre o medo das coisas vindouras. Ninguém considera o dia do Senhor, nem a ira de Deus, nem os suplícios que sobrevirão aos incrédulos, nem os tormentos eternos decretados para os pérfidos. Tudo o que nossa consciência temeria se cresse. Não teme, porque não crê de modo algum. Se cresse, também tomaria cuidado; se tomasse cuidado, escaparia. Encorajemo-nos o quanto podemos, diletíssimos irmãos, e, vencendo o sono de nossa antiga indolência, estejamos vigilantes para observar e cumprir os preceitos do Senhor. Sejamos tais como ele mesmo nos ordenou ser, dizendo: «Estejam cingidos os vossos lombos e as lâmpadas acesas nas vossas mãos, e sede semelhantes aos homens que esperam seu senhor quando retorna das núpcias, a fim de abrir-lhe, logo que ele vier e bater. Bem-aventurados os servos que seu senhor, quando chegar, encontrar vigilantes» (Lc 12, 35-37). É necessário estarmos cingidos, para que, quando chegar o dia da expedição, não nos surpreenda impedidos e embaraçados. Que nossa candeia resplandeça e brilhe nas boas obras, para que nos conduza desta noite do mundo ao esplendor da claridade eterna. Esperemos sempre solícitos e prudentes o repentino advento do Senhor, para que, quando ele bater, nossa fé desperte disposta a receber do Senhor o prêmio de sua vigilância. Se estes mandamentos forem guardados, se estes conselhos e preceitos forem mantidos, não poderemos, enquanto dormimos, ser surpreendidos pelo engano do diabo, mas, como servos vigilantes, reinaremos sob o domínio de Cristo.